23 de nov. de 2009

Matar ou deixar morrer?



Por: João H. R. Marçal

A morte não é um dos assuntos mais discutidos dentro das igrejas. Ainda é um tabu que deve ser vencido e encarado de forma diferente. Penso que nós, cristãos, sejamos as pessoas que não temem a morte, ou pelo menos, não devíamos temê-la. Mas ao que tenho percebido ela ainda é temida também no meio cristão.

Em uma determinada igreja que visitei o pastor perguntou aos membros que lá se encontravam se todos tinham certeza da salvação. Quem estaria com Cristo se morresse naquele momento, e a resposta foi que quase todos levantaram as mãos dando a certeza de que estariam com Cristo se a morte viesse ao encontro deles. Mas logo em seguida o pastor pergunta quem gostaria de estar com Cristo naquele exato momento, e nenhuma mão se levantou. Isso mostra o quanto a morte é temida no meio cristão.

Em João 11:25 lemos: Disse-lhes Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra viverá.

Esta é a nossa esperança? Se não for, temos que repensar a morte. Já que ela é algo inevitável, por que não vê-la de forma diferente?

Em muitos hospitais, espalhados pelo Brasil e pelo mundo, existe um problema de uma gravidade sem medida, pessoas que estão em leitos de morte esperando que esse momento chegue. A morte não é uma doença a ser vencida, assim como a vida, a morte também é real e está para todos. Em meio a tanta sofisticação tecnológica, escolas de medicina cada vez mais bem preparando seus médicos, a industria farmacêutica produzindo mais e mais drogas que dão suporte ao doente, está o moribundo que se torna vítima desse desenvolvimento desenfreado da tecnologia na área da saúde.

Fala-se muito em humanização, mas pouco em praticar essa humanização. Os que cercam o moribundo tendem a poupá-lo e ocultar-lhe a gravidade de seu estado. A verdade começa a ser problemática. O doente não deve saber nunca que seu fim se aproxima. Tornou-se regra moral que o doente morra na ignorância de sua morte.(Problemas atuais de Bioética, pg 254). Um dos princípios da Bioética é a Veracidade a Honestidade, ou seja, não deve-se mentir ao paciente que merece conhecer toda a verdade sobre a sua doença e tratamento.

Não se vê líderes religiosos, a capelania mal funciona e os pacientes estão apenas em seus leitos, à mercê, esperando pela morte. A dignidade humana não se perde em situações de dependências ou de doença e sofrimento humanos. (Eutanásia, por que abreviar a vida, pg 142).

Entre a cura e a morte de uma pessoa está o amarás, principal mandamento deixado por Jesus. Quando o assunto é a Eutanásia (termo grego que significa boa morte), muitas igrejas se isentam de debatê-lo, dizendo que somente Deus tem o direito de tirar a vida, ficando assim isentas de quaisquer responsabilidades. A essência do evangelho é vida e paz, e só se morre bem quando se vive bem.

Jesus nunca virou as costas para as pessoas que o procuravam, deu vida a todos, curou a todos, amou a todos e Ele faz isso nos dias de hoje através da igreja, ou seja, através de nós. Não podemos decidir pela vida dos outros, mas também não podemos deixar de participar do sofrimento alheio.

A realidade da morte vai muito mais além do que possamos se quer imaginar. Quando no final do século XIX morria-se junto da família, com os filhos, netos e amigos, próximos ao leito de morte do moribundo, hoje se morre nas UTIs solitariamente. Há dignidade nisso? Há amor pelo que está no leito de morte?

O problema maior entre o matar e o deixar morrer é exatamente o que existe entre os dois, o prolongamento no processo de morrer. Se por um lado evita-se o abreviamento da vida com a prática da eutanásia, por outro a obstinação terapêutica prolonga o sofrimento daquele que se encontra no leito de morte e também o sofrimento de seus entes queridos. A ética cristã não se centra no “belo e são”, mas considera o enfermo uma pessoa cujo cuidado deve ser privilegiado. (Eutanásia, por que abreviar a vida, pg. 105).

A vida é um dom valioso, mas deve ser mantida a qualquer custo? Os pacientes que se encontram em fase terminal devem ter suas vidas abreviadas por conta da situação em que estão? Estes são questionamentos em que, nós cristãos, temos que ter em mente, pois não sabemos em que momento seremos confrontados com situações desta natureza.

A Carta Pastoral do Colégio Episcopal sobre Bioética: reflexão sobre o dom da vida nos esclarece qual é a visão da Igreja Metodista a respeito do aborto, pesquisas com células-tronco, organismos geneticamente modificados e clonagem, mas não aborda a Eutanásia, assunto também de interesse da Bioética. Mas mesmo não abordando este assunto a Carta Pastoral deixa claro que:
- A vida é um dom de Deus (Gn1 e 2, Sl 8); cremos no Deus criador;

- O propósito de Deus inclui indivíduos, mas não por interesses individuais que comprometam a Sua criação. (A Carta toda pode ser vista no end: http://www.metodista.org.br/index.jsp?conteudo=4497#Cartas_pastorais ).

Dentro desta visão Bioética e cristã, podemos encarar o processo de morrer com os nossos corações descansados em Deus. Não há necessidade de temer a morte o que precisamos é rever o conceito de morte.

Com este pequeno texto tento apenas trazer ao seio da Igreja uma realidade que se encontra não tão distante de nós. Não quero aqui aprovar ou desaprovar nada, busco simplesmente encarar esta realidade de frente, traçando pontos positivos e negativos sobre a reflexão Bioética e teológica do assunto em questão.

Que Deus, em sua infinita misericórdia, possa nos dar o conhecimento e a sabedoria necessários para agirmos de forma correta, dentro da ética cristã, quando problemas desta natureza bater à nossa porta sejam parentes, amigos ou irmãos da nossa comunidade de fé.

21 de nov. de 2009

DIÁLOGO ENTRE TEOLOGIA E BIOÉTICA !



Por: João H. R. Marçal

Quando se fala de um diálogo entre Teologia e Bioética, temos em vista a importância que ambas as ciências dão ao ser humano. Falar em Teologia sem se tratar do ser humano seria o mesmo que falar de algo vazio, pois a Teologia, que se preocupa com o transcendente, se importa com o ser humano. Com a Bioética é a mesma coisa, já que esta também se importa com o ser humano, em uma fase, talvez, mais delicada, ou seja, no momento de sua enfermidade e final de vida, este tem sido o maior discurso e a maior preocupação da Bioética, a pessoa humana como fonte de valor (PESSINI e BARCHIFONTAINE, 2000, p. 69).

Líderes espirituais não podem se isentar desta responsabilidade, ou seja, não devem ficar apenas se preocupando com aqueles que estão vivos e gozam de boa saúde, tem que ter em mente que o ser humano é vida, mas também é morte. Já que todos passam por isso, tem que se dar uma ênfase a este respeito também, por isso a Teologia não pode se isentar desta responsabilidade.

Sem uma sólida base espiritual, as visões de um mundo melhor não podem ser concretizadas. Numa época de grande busca pelo espiritual, as religiões e tradições espirituais do mundo oferecem sabedoria para: ir além de nosso próprio interesse e construir uma comunidade. Acolhedora; reconhecer a interdependência de todos os sistemas que sustentam a vida e optar por formas sustentáveis e saudáveis de viver; ver que as necessidades dos outros questionam nossas vidas e nos colocam na luta por mais justiça e paz; relembrar nosso lugar na família humana e testemunhar nossa compaixão por meio de serviço.

Talvez uma pergunta surja em torno disto tudo: por que a Teologia deve se envolver com temas relacionados à Bioética? Em tudo nossa sociedade tem mudado. Muitos avanços tecnológicos estão surgindo, sendo assim, não se deve deixar nas mãos de poucos as decisões que são pela vida e pelo bem estar da humanidade. A Teologia tem em suas mãos um poder de decisão muito sério e importante. Tudo aquilo que se refere a Deus é respeitado pela grande maioria da população, sendo assim:
Constitui um desafio para a ética contemporânea providenciar um padrão moral comum para a solução das controvérsias provenientes das ciências biomédicas e das altas tecnologias aplicadas à saúde. A Bioética, nova imagem da ética médica, é o estudo sistemático da conduta humana na área das ciências da vida e cuidado da saúde, enquanto esta conduta é examinada à luz dos princípios morais.

Pode-se observar o quanto as tecnologias estão aumentando em favor da humanidade, mas por outro lado temos as decisões a serem tomadas em favor também do ser humano. Quem tem o direito a essas tecnologias? Elas estão disponíveis a todos os que dela necessitam ou é para uma minoria privilegiada? O papel da Teologia é justamente procurar, junto com a Bioética, respostas humanitárias para esses problemas que envolvem o ser humano e a saúde desses menos privilegiados, e como fazer isso? De uma forma ética em que todos possam se envolver, já que a Bioética se tornou um estudo multidisciplinar, e chegar a um consenso onde todos, e não apenas algumas pessoas, possam ter o direito de usufruir daquilo que as ciências e as tecnologias de ponta têm para oferecer, ninguém deve ficar de fora desta discussão.

A dignidade da pessoa humana deve ser preservada em todas as fazes da vida e, quando o indivíduo adoece, nova valoração deve ser elaborada a fim de que se rompam paradigmas e se estabeleçam novos conceitos. Esse papel tem sido desenvolvido pela Bioética, que surgiu da necessidade de apaziguamento de novos conflitos sociais e morais, relacionados ao questionamento de novas atitudes. A Bioética ocupa-se principalmente com a qualidade do atendimento prestado aos enfermos e/ou pacientes terminais e também quanto à humanização dada a essas pessoas.

Surge então novo questionamento: quem se importaria realmente com a salvação da alma? Considerando que nem todos os médicos e/ou bioeticistas são cristãos ou dão ênfase à importância da salvação, quem teria essa responsabilidade?

A Teologia surge com o importante papel de se preocupar não somente com o bem estar físico ou com a dignidade da pessoa humana no processo de morrer, mas também com o bem estar espiritual. Dessa forma, explica-se a necessidade de uma Teologia espiritualizada e também com características humanísticas, contextualizada, envolvendo-se com a Bioética e seus polêmicos temas.

A Bioética, de acordo com o modelo aplicativo da complexidade, tem algumas características que devem ser sempre relembradas. A interdisciplinaridade, o pluralismo, a humildade, a responsabilidade, o senso de humanidade são algumas delas. No processo de tomada de decisão o sistema de crenças de uma pessoa tem papel fundamental. Essas crenças, incluindo-se as religiosas, afetam a sua percepção e leitura do mundo, o conjunto das alternativas disponíveis e seleção da ação que irá ser realizada ou não. Os aspectos religiosos ou espirituais devem estar também incluídos em uma reflexão Bioética, sempre preservando o caráter plural da discussão e não assumindo uma posição sectária. A liberdade do credo é resguardada pela própria Constituição Brasileira, em seu artigo 5°.

Questões como aborto ou eutanásia envolvem o bem estar emocional e espiritual e não há como simplesmente legalizar tais práticas sem observar o que as igrejas pensam a respeito do assunto. Na contemporaneidade, o cotidiano das pessoas não deixa espaço para uma vida espiritual plena e recorre-se a Deus somente em momentos de angústia e desespero, na doença ou perto da morte. Segundo o Reverendo Ricardo Barbosa de Souza, Deus nos chamou para participarmos da eterna comunhão que o Pai, o Filho e o Espírito Santo gozam. Este relacionamento é a razão primeira e última da Teologia.

No diálogo interdisciplinar, a Teologia tem contribuições na reflexão Bioética, principalmente no que diz respeito a uma contextualização da vida. De maneira que, não se pode desvincular a Bioética de uma boa Antropologia Teológica. Pois seu campo de saber está na vida e para além da vida, especificamente quando se busca experienciar e descrever o nascimento, o sofrimento e a morte dos seres.

De tal forma pode-se observar que o teólogo não pode, por um lado, esquecer sua pertença eclesial, nem tampouco, por outro, sujeitar-se à letra de formulações ultrapassadas e incompreensíveis para a mentalidade atual, esquecendo a hierarquia das verdades da fé (JUNGUES, 2006, p. 56).

A Bioética busca a qualidade de vida a partir de uma compreensão do conceito de vulnerabilidade, isto é, mediar conflitos morais visando a proteção do sujeito da pesquisa e ou indivíduos. Nestes termos a Teologia tem um histórico no cuidado com a natureza e o ser humano.

20 de nov. de 2009

ABORTO, A QUEM PERTENCE A DECISÃO?


Por: João H. R. Marçal

Recentemente, na Folha de Londrina (15/11/2009), saiu uma matéria com o Pe. José Rafael, reitor do Seminário Teológico Paulo VI, sobre a questão do aborto de crianças que nascem com ausência de encéfalo (anaencéfalo). Neste artigo o Padre defende que não se deve interromper a gestação mesmo em crianças com tal deformidade, como padre católico é radicalmente contra o aborto e deixa isso bem claro.

Segundo o Comitê de Bioética do Governo Italiano, "na realidade, define-se com este termo uma má-formação rara do tubo neural acontecida entre o 16° e o 26° dia de gestação, na qual se verifica ‘ausência completa ou parcial da calota craniana e dos tecidos que a ela se sobrepõem e grau variado de má-formação e destruição dos esboços do cérebro exposto"[1]

O assunto em questão na matéria do jornal era se se deve ou não manter uma gravidez até o fim de crianças com essa má formação congênita ou interromper a gravidez assim que tal problema seja diagnosticado. Atualmente no Brasil o aborto é considerado crime, exceto em três situações: de estupro, de risco de morte pra mãe e também para crianças que nascem com o problema de anaencefalia.

O que precisa ser visto é que o problema é bem mais sério do que possa parecer. Não se trata apenas de interromper a gravidez de uma criança que não tem expectativa alguma de vida, pois a história não envolve somente a criança, tem a mãe, tem o pai, tem os avós e todos os familiares e amigos. É complexo de mais para quem está de fora dizer aborte ou não aborte. Quando o problema não envolve aquele que está de fora fica até fácil uma tomada de decisão, e, este é o problema da Igreja, que está de fora sendo favorável ao seu ponto de vista, defendendo a si mesma, não está pensando na criança e muito menos na mãe, que são as pessoas envolvidas.

A qualidade de vida de uma criança com esta deficiência é mínima ou quase zero já que ela dependerá de 100% de atenção pelo fato de não poder, de forma alguma, expressar qualquer tipo de sentimento. Às vezes a criança sobrevive, mas não se desenvolve, levando uma vida limitada e totalmente dependente, essas são as palavras do padre na matéria da Folha de Londrina. Se a Igreja Católica tem consciência disso por que insistir numa gravidez que só trará tristeza e lamento?

A decisão não cabe à igreja nem à justiça (apesar de que no caso do Brasil é somente pela justiça), mas esta decisão tem que ser tomada pela família, a mãe, o pai, todos os envolvidos, é muito pessoal, não creio que a Igreja ou o Estado tem o direito de decidir pelo outro numa situação tão delicada como esta. A Igreja deve ficar do lado da família dando apoio e não dando lição de moral e ajustiça tem que ser mas eficiente na hora de julgar os casos para que a gestação não venha a se prolongar caso a mãe decida pelo aborto dentro dos casos defendidos pela justiça.

Quando uma mulher engravida há motivo de felicidade, toda a família se reúne e planeja o nascimento, enxoval, nome, se vai ser menino ou menina, nunca se encontra neste planejamento o enterro do neném, que é o que acontece com anaencéfalos, vivam eles uma semana, um mês ou um pouco mais.

A discussão no Brasil, hoje, sobre a legalização ou não do aborto se dá principalmente em questão de dezenas de milhares de mulheres que morrem por conta de abortos mal sucedidos, não somente casos como estupro, risco de morte pra mãe ou essa má formação, ou seja, o assunto dá muito “pano pra manga”, que nem mesmo a Igreja sabe que rumo tomar. (Para ter mais informações sobre os dados de casos de aborto no Brasil acesse: http://www.scribd.com/doc/340943/Estudo-ONG-abortos-brasil-280907)

A nova redação proposta para o Código Penal, altera todos os três itens, é a seguinte:

Exclusão de Ilicitude:
Art. 128. Não constitui crime o aborto praticado por médico se:
I - não há outro meio de salvar a vida ou preservar a saúde da gestante;

II - a gravidez resulta de violação da liberdade sexual, ou do emprego não consentido de técnica de reprodução assistida;


III - há fundada probabilidade, atestada por dois outros médicos, de o nascituro apresentar graves e irreversíveis anomalias físicas ou mentais.

Parágrafo 1o. Nos casos dos incisos II e III e da segunda parte do inciso I, o aborto deve ser precedido de consentimento da gestante, ou quando menor, incapaz ou impossibilitada de consentir, de seu representante legal, do cônjuge ou de seu companheiro;

Parágrafo 2o. No caso do inciso III, o aborto depende, também, da não oposição justificada do cônjuge ou companheiro.[2]

A Igreja Metodista no Brasil defende estas três formas jurídicas do aborto, mas diz: “Que o aborto seja considerado uma prática contrária à consciência cristã, pois, é uma espécie de infanticídio. Esta é uma posição clara, sabendo-se que uma nova vida inicia o curso de sua existência a partir da concepção. (...) Em conclusão a estas ligeiras considerações sobre o aborto, lembra-se, ainda, o seguinte: pressupõe-se o aborto em casos extremos, quando estiver em jogo a vida da mãe, pois, esta deve ter condições para ter mais filhos e deve, também, ter outros filhos que dependam de sua sobrevivência: a legalização do aborto não ameniza a condição de criminalidade, diante da consciência cristã. (...) Em caso de estupro, considerando a real impotência da vítima em optar ou não pelo ato conceptivo, entende-se que o aborto pode ser considerado, desde que a gestante manifeste este desejo. Em caso de anencefalia não se considera puramente um aborto, mas muito mais uma antecipação terapêutica do parto. Sem formação do cérebro (ou encéfalo) há um corpo, mas que fatalmente morrerá após o nascimento.”[3]

A Igreja Metodista dá à mãe a opção de escolha, não interfere, desde que esteja dentro dos parâmetros do que diz a lei. Não vai excomungar ninguém pelo fato de ter praticado tal ato, muitas vezes por amor à criança em questão, se no caso for uma criança com ausência de encéfalo.

A Teologia não é contrária à ciência, elas devem caminhar juntas e não se opor uma à outra. O conflito entre religião e ciência deve se acabar, o paradigma deve ser quebrado para que questões como Eutanásia, Aborto entre outras possam ser dialogadas de forma pacífica a fim de se chegar a um senso comum e ético.

É preciso entender que a ciência pode ser vista como um conjunto de conhecimentos relativos às percepções adquiridas pelo pensamento (razão) humano. Mas também é um conjunto de conhecimentos preciso e fiel, o qual coloca em questão as hipóteses existentes. Nota-se que para compreender a teologia e a ciência é preciso ter em mente que a ciência utiliza fontes e estas existem, pois a Bíblia é uma delas.[4]

Vemos aqui que a idéia não é legalizar o direito ao aborto ou não, o que podemos observar é o direito que a mãe deve ter nesta tomada de decisão junto de seus familiares, estes devem ser ouvidos e respeitados. Os casos extremos, como os três citados, sempre serão levados à justiça e ainda dependerão da decisão de um juiz sobre a situação. A Igreja não pode impor às pessoas a decisão que elas querem tomar, pelo contrário, o papel da igreja é acolher, aconselhar e acompanhar as pessoas que precisarem dela, não interferir na decisão, mas sim mostrar o melhor para que a melhor decisão seja tomada.



[1] http://www.providaanapolis.org.br/quemeoan.htm#1, pesquisado dia 19/11/2009.

[2] http://www.bioetica.ufrgs.br/abortobr.htm, pesquisado em 19/11/2009.

[3] http://www.metodistaemcarmo.com.br/palavra_pentecostes_tronco.php, pesquisa feita em 19/11/2009.

[4] http://www.tione.h-br.com/IntrTeo_arquivos/Page803.htm

19 de nov. de 2009

A DEFINIÇÃO DA EVOLUÇÃO DE BIOÉTICA


A DEFINIÇÃO DA EVOLUÇÃO DE BIOÉTICA NA VISÃO DE
VAN RENSSELEAR POTTER DE 1970 A 1998
Por: José Roberto Goldim
A melhor meneira de entender a Bioética talvez seja acompanhar a evolução de sua definição ao longo do tempo. O prof. Van Rensselear Potter propôs, em 1998, que a Bioética está atualmente no seu terceiro estágio de desenvolvimento. Caracterizou o primeiro estágio como sendo o da Bioética Ponte, o segundo como o da Bioética Global e o terceiro, e atual, como o da Bioética profunda.
A proposta original da palavra Bioética, feita em 1970, pelo Prof. Van Rensselear Potter, tinha uma grande preocupação com a interação do problema ambiental às questões de saúde. Suas idéias baseavam-se nas propostas do Prof. Aldo Leopold, especialmente na sua Ética da Terra. Atualmente, esta primeira proposta é classificada por ele próprio como Bioética Ponte, especialmente pela característica interdisciplinar que fi utilizada como base de suas idéias. Esta primeira reflexão incluía um grande questionamento sobre a repercussão da visão de progresso existente na década de 1960. O termo Bioética, ainda durante a década de 1970, devida à crescente repercussão dos avanços na área da saúde, foi sendo utilizdo em um sentido mais estrito. Estas propostas foram feitas, especialmente, pelo Pro. Warren Reich e pelo Prof. LeRoy Walters, ambos vinculados ao instituto Kennedy de Ética, da Universidade Georgetown/Washington Dc, e Prof. David Roy, do Canadá. Estes autores restringiram esta reflexão apenas às questões da assistência e pesquisa em saúde. Outros autores, como o Prof. Guy Durant, do Canadá, também assumiram esta posição ao longo da década de 1980, mantendo a base interdisciplinar da proposta original. Essta visão restritiva foi incorporada pela base de dados Bioethcsline, que consolida a produção de conhecimento na área de Bioética. O prof. Warren Reich reiterou, em 1995 sua perspectiva para o termo, incorporando à sua proposta de Bioética as perspectivas interdisciplinar, pluralista e sistemática.
Em 1988, o Prof. Potter reiterou as suas idéias iniciais criando a Bioética Global. O Prof. Potter entendia o termo global como sendo uma proposta abrangente, que englobasse todos os aspectos relativos ao viver, isto é, envolvia a saúde e a questão ecológica. O Prof. Tristran Engelhardt defendeu a proposta de que a Bioética é uma proposta pluralista. Esta proposta também teve diferentes interpretações. Alguns autores, como os Profs. Alstair V. Campbel e Solly Benatar entenderam o temro global não no sentido de abrangente, desde o ponto de vista interdisciplinar, mas como uma visão uniforme e homogênea em termos mundiais, enqaudrando-a no processo de globalização. Ou seja, que seria estabelecido um único paradigma filosófico para o enfoque das questões morais na área da saúde, caracterizando uma nova forma de "imperialismo".
Com o objetivo de resgatar a sua reflexão original, o Prof. Potter propôs, em 1998, a nova definição de Bioética Profunda,. Esta denominação foi utilizada pela primeira vez pelo Prof. Peter J. Whitehouse, aplicando à Bioética o conceito de Ecologia Profunda, do filósofo norueguês Arne Naess. Esta proposta abrangente e humanizadora da Bioética já vinha sendo defendida por outros autores, tal como o Prof. André Comte-Sponville. Em 2001 o Programa Regional de Bioética, vinculado a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) definiu Bioética igualmente de forma ampla, incluíndo a vida, a saúde e o ambiente como área de reflexão.
O fundamental notar como é importante para Potter manter na Bioética as características fundamentais - ampla abrangência, pluralismo, interdisciplinaridade, abertura e incorporação crítica de novos conhecimentos - em todas as suas propostas de definições.

17 de nov. de 2009

Roubará o homem a Deus?




Por: João H. R. Marçal
Ainda muito me indigna ler estudos bíblicos e artigos bíblicos ou teológicos a respeito de dízimos e ofertas. Eu havia prometido não falar mais sobre o assunto, mas a indignação é tanta que não tem como eu me calar.

Quero deixar claro, em primeiro lugar, que eu não sou contra o dízimo, e sim, contra as formas que a igreja usa para pedir dinheiro e, em muitos casos, coagindo, inibindo ou até mesmo ameaçando as pessoas a darem dízimos e/ou ofertas, pegando textos isolados da Bíblia e usando-os conforme bem entender, ouvi falar de igrejas que o membro, se não for dizimista ele não tem o direito de tomar a ceia.
O texto que alguns líderes mais gostam de usar é Malaquias 3:8 – "roubará o homem a Deus? Todavia, vós me roubais e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas". Pois bem, vamos analisar este versículo e ver quem estava roubando a Deus.

A primeira coisa que precisamos observar é: com quem Deus estava falando através do profeta Malaquias? O livro de Malaquias é uma exortação, então, quem estava sendo exortado por Deus nesta ocasião: vs. 1: "sentença pronunciada pelo Senhor contra Israel (grifo meu), por intermédio de Malaquias". Muitas pregações ouvi, dizendo que não devemos “judaizar” o cristianismo, ou seja, trazer para o cristianismo ritos judaicos, como guardar o sábado, por exemplo ou proibir o consumo de carne de porco. Esta sentença era para Israel, e não para a igreja de hoje, e isto tem que ficar bem claro, Deus tinha um motivo para dar a este povo a devida repreensão.

Nos vss. 6 e 7, ainda do cap. 1, diz:" O filho honra o pai, e o servo, ao seu senhor. Se eu sou pai, onde está a minha honra? E, se eu sou o senhor, onde está o respeito para comigo? – diz o Senhor dos Exércitos a vós outros, ó sacerdotes (grifo meu) que desprezais o meu nome. Vós dizeis: em que desprezamos nós o teu nome? Ofereceis sobre o meu altar pão imundo e ainda perguntais: em que te havemos profanado? Nisto, que pensais: A mesa do Senhor é desprezível."

Vemos aqui que o texto, ou a repreensão são para os sacerdotes, eles que não honravam a Deus e desprezavam a mesa do Senhor, este texto nos deixa isso muito claro. E não é diferente no texto de Ml 3:8, para quem Deus estava falando aquilo? Para os sacerdotes e também para os levitas. Como, por exemplo, vamos roubar nas ofertas se a oferta é algo voluntário? Como vou roubar algo que não sou “obrigado” a dar? Quem roubava nos dízimos e nas ofertas não era o povo que não dava e sim os sacerdotes e levitas que faziam mal uso desses dízimos e dessas ofertas que já haviam sido dadas pelo povo. É isto que tem que ficar bem claro para nós.

E nos vss. 1 e 2 do cap. 2 nos é dito o seguinte: "Agora, ó sacerdotes, para vós outros é este o mandamento. Se não ouvirdes e se não propuserdes no vosso coração dar honra ao meu nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei sobre vós a maldição e amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque vós não propondes isso no coração."

O problema não está no dízimo em si e muito menos ainda no pedir ofertas. A igreja precisa de dinheiro e este dinheiro precisa vir de algum lugar, mas as formas desenfreadas e estelionatárias que alguns líderes e instituições religiosas usam, para manter o seu luxo, pedem dinheiro ao povo. Unção da benção financeira, por exemplo, divulgado pela televisão recentemente, diz que para você ter esta unção tem que doar 900 reais, isto é totalmente antibiblico e um absurdo, é um ataque à inteligência de qualquer um. Mas, se por um lado temos líderes e pastores que usam a bíblia para buscar, de qualquer forma receber este dinheiro, por outro lado temos 1: pessoas que contribuem não somente por amor ao reino de Deus mas sim por interesses pessoais visando algo em troca, por exemplo, ser próspero na vida; e 2: pessoas com falta de discernimento que dão a eles o dinheiro tanto pedido.
Mateus 22:27 diz: "Jesus, porém, respondendo, disse-lhes: Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus."

A má compreensão do texto, a falta de um estudo mais aprofundado e o excesso de confiança nestes pastores, faz com que o povo se torne escravo do sistema religioso vigente. Há muitos outros textos usados para pedir dinheiro ao povo que são usados fora de contexto. O que tem que ficar claro para nós é que a Igreja precisa de dinheiro para suprir as suas despesas como: salário de pastores e funcionários, luz, água, material didático para estudos bíblicos, entre outras despesas, mas não para manter o luxo de alguns pregadores que têm espalhados pelo Brasil e pelo mundo.

O dízimo, como já me disseram alguns de seus defensores, existe desde antes da lei, Abraão deu o dízimo, como diz em Gn 14:20: "E bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos nas tuas mãos. E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo." Até aqui o dízimo não era lei então não era obrigatório, não existia um propósito divino, pois ainda não havia sido instituído por Deus. Mas quando o dízimo foi instituído por Deus havia ali um propósito. Temos que nos lembrar, o dízimo fora instituído para Israel, o povo que se encontrava peregrinando pelo deserto para sustendo dos Levitas, única tribo que não havia se contaminado no evento do bezerro de ouro. Nm 18:24:" Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio dos filhos de Israel nenhuma herança terá."

No Antigo Testamento o dízimo é um mandamento aos filhos de Israel, isto é deixado muito bem esclarecido em Lv 27:34, exatamente sobre os dízimos: "são estes os mandamentos que o Senhor ordenou para os filhos de Israel, no monte Sinal."
Tiago nos adverte em relação à lei na sua Epístola e diz assim no cap. 2 vs. 10:"Pois, qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos."
Então para aqueles que dizem que dízimo é lei tome cuidado, pois você pode estar obedecendo somente esta.

Há muitos estudos favoráveis ao dízimo, alguns têm a petulância de dizer que quem não dá no dízimo é mesquinho, está pecando, Deus não vai abençoar nem repreender o devorador ou abrir as comportas do céu. Assim como há estudos que defendem a tese da não obrigatoriedade do dízimo, que a lei se anula em Jesus, e toda a lei, não apenas aquelas que convém. O grande problema está nesses pregadores de heresias que querem, de uma forma estelionatária coagir as pessoas a darem o dízimo para suas instituições religiosas. O que eu não vejo, e faz tempo que não vejo, são pastores, principalmente os “midiáticos” pregarem Mt. 6:33 que diz: "buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas."
Este texto de Mateus 6 que se inicia no vs 25 diz justamente isso, Jesus quer dizer o seguinte: vocês estão preocupados com tantas coisas, com o que haveis de se vestir, ou o que vão comer, mas preocupe-se apenas com uma, busquem a Deus, busquem o Seu reino, busquem a Sua justiça. Não se fala em dinheiro, não se fala em dar para ser abençoado, pelo contrário, fala-se em buscar a Deus e todas as outras coisas serão acrescentadas.

Somente se eu estiver muito errado ou louco pelo fato de ser o único que enxerga isto, se alguém puder, de uma forma bíblica me convencer o contrário, estou disposto a mudar, caso contrário faço das palavras de Lutero as minhas palavras.

A menos que vocês provem para mim pela Escritura e pela razão que eu estou enganado, eu não posso e não me retratarei. Minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Ir contra a minha consciência não é nem correto nem seguro. Aqui permaneço eu. Não há nada mais que eu possa fazer. Que Deus me ajude. Amém.
Martinho Lutero

10 de nov. de 2009

Você tem medo de orar e não ser atendido?



Jesus disse que deseja que a nossa alegria, a alegria dos discípulos do Evangelho, dos seguidores da Palavra da Vida, seja alegria completa; não em parte, mas plena; assim como plena, diz Ele, deve ser a nossa vida; visto que Ele, de Si mesmo, dizia a nós: “Sem mim nada podeis fazer” — deixando-nos desse modo claro que a certeza de que nossa alegria só pode vir de nossa relação de implante Nele.

No lugar no qual Ele disse que deseja que nossa alegria seja completa [João 17], Sua referencia a completude de nossa alegria se vincula à nossa confiança em Deus, pela qual temos com Ele a intimidade de pedir em oração, sobretudo se a disposição do coração é permanecer na Sua Palavra; assim como um ramo sadio e frutuoso de uma videira só continua sadio e frutuoso se permanecer ligado ao tronco da videira.

A oração [...] pode ser nossa grande fonte de alegria!

Todavia, não existe nenhum poder na oração em-si...

Oração não é mandinga e nem macumba...

Digo: oração a Jesus [...] não o é!...

Sim, pois oração a Jesus, mesmo que use o nome de Jesus, só é oração em Jesus e para Jesus... — se for em conformação à Palavra de Jesus, ao Evangelho; posto que orações feitas a Jesus, em nome de Jesus, mas fora do espírito do Evangelho, fora do ensino de Jesus, longe do mandamento do amor e do perdão, afastadas do sentido do que Jesus chama vida e valor diante de Deus, não são orações a Deus, mas àquele que ama o ódio, o capricho, a magia, a manipulação, o culto à própria vontade, à necessidade psicológica carrega de morte e perversão, a mentira, a vingança e a hipocrisia..., que é o diabo.

Jesus, no entanto, mandou que orássemos mais do que nos mandou fazer qualquer outra coisa!...

Além disso, Ele disse que a oração que acontece em paz e submissão à vontade de Deus e segundo o espírito do Evangelho, sempre será ouvida; e sempre trará até nós a certeza e a demonstração de nossa amizade com Deus pela obediência em fé ao Evangelho; posto que os verdadeiros amigos de Deus, os que pedem e recebem, são amigos de Deus apenas porque demonstram seu amor e fé pela permanência no mandamento do amor, que é o sentido do Evangelho.

Desse modo Jesus ensina que a oração é o fator mais simples e prático de experiência de alegria espiritual, quando se ora com amor e submissão, quando se pede com confiança, quando se intercede com amizade e ardente amor fraterno, quando mesmo desejando algo, e pedindo algo com clareza especifica, ainda assim não se faz a esperança escrava do desejo pessoal, pois apesar de se pedir, pede-se Àquele que sabe o que nos será melhor...; coisa que o mais esclarecido de nós está longe de saber.

Você tem medo de orar?...

Pergunto por que a maioria dos crentes que eu conheço só ora em vigília ou reunião de oração, pois, na solitude [...] não crêem que serão ouvidos; posto que fiam-se no “ajuntamento dos que oram” como se fosse um poder-em-si... — e isto porque não têm amizade com Deus, posto que pessoalmente saibam que não mantêm nenhuma amizade com Jesus pela obediência ao Evangelho e ao mandamento do amor, do perdão e da misericórdia.

Sim, não crêem em sua amizade com Deus, e, por isto, não oram; posto que temam não receber; visto que somente pensem em resposta às suas orações como atendimento aos seus caprichos, os quais, são egoísmos oferecidos como petição ao Pai.

Daí temerem orar sozinhos...

Daí precisarem da oração grupal como elemento de força aos seus pedidos pessoais...

Pense nisso!

Nele,

Caio
http://www.caiofabio.com