16 de dez. de 2012

FUTEBOL E O VAZIO INTELECTUAL




Presenciei fatos que me levaram a refletir – olha eu ai pensando novamente. Não existe nada mais sem sentido do que algo que leve pessoas a agirem fanaticamente, e vou me abster em falar aqui sobre religião. Mas os fatos que eu presenciei têm a ver com torcida de times de futebol.
Pessoas que, provavelmente, nunca se viram, se insultam porque torcem por times de futebol opostos. O simples fato que leva uma pessoa a torcer um time e não outro é motivo suficiente para que este leve um soco, uma paulada ou pedrada. Os jogadores ganham milhões e os torcedores são os que perdem, e muitas vezes a vida.
A partir de hoje (17/04/2010 – dia em que presenciei os fatos) não torço mais para time algum, e olha que nunca fui um torcedor fanático, mas apenas simpatizante de um determinado time.
O ser humano fanático é prejudicado, pois o fanatismo gera intriga, intolerância, briga e divisão. Não faço mais parte de grupos religiosos justamente por isso. Não fazendo parte de grupos assim não sou mais motivado a odiar aquele que é oposto àquilo que eu acreditava estar certo ou ser o melhor.
Torcedores, religiosos e até mesmo aqueles que professam serem ateus ou partidários de grupos políticos quando se deixam dominar pelo fanatismo a razão já não faz mais parte destas pessoas e, dependendo da situação, essas pessoas são facilmente manipuladas pelos líderes e credos dos grupos aos quais pertencem.
O fato que presenciei no dia acima citado foi o seguinte: peguei um ônibus, depois de um plantão exaustivo (era um domingo) para voltar ao aconchego do meu lar e neste ônibus havia alguns torcedores de um determinado time, até ai tudo bem. O problema foi quando chegamos ao terminal central porque lá havia outra torcida, que era exatamente do time que havia perdido o jogo naquele dia. O que inibiu que algo acontecesse entre ambas as torcidas foi a presença da polícia e de seguranças do terminal, porque eles chegaram a trocar palavras de insulto uns contra os outros, mas se não fossem os policiais e seguranças, uma briga entre essas torcidas seria certa.
O que me intriga é que aqueles jovens, com toda certeza, nunca se viram antes, mas o simples fato de torcerem por times opostos é motivo suficiente para os tornarem inimigos.
Tem um artigo de Kant intitulado: RESPOSTA À PERGUNTA: O QUE É O ILUMINISMO? Que diz: Iluminismo é a saída do homem de sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria, se a sua causa não residir na carência de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem de te servires do teu próprio entendimento.
Está dito aqui, se você não agir por si só outros o farão. É isso que acontece com as torcidas, com partidários políticos e com religiosos. A grande massa é manipulada por não sair desta menoridade à qual Kant nos diz, e não consegue agir por si só, é incapaz de se servir do próprio entendimento. O homem só alcançará a maioridade quando ele romper este paradigma e eu diria que seria o andar com as próprias pernas, pensar por si só sem a influência de quaisquer grupos que seja.
Jonh Lennon na música Imagine idealiza um mudo onde não exista nada que divida o homem. Sendo assim, podemos observar que o problema não está no futebol, mas naqueles que torcem, assim como o problema não está na religião e sim nos seguidores e o problema também não está na política, mas nos partidários. Mas, tipos de atitudes como esta que eu presenciei, infelizmente, sempre irão acontecer.

12 de jun. de 2012

Uma palavra sobre a descriminilização do aborto de anencéfalos


POR:  João Henrique R. Marçal


Ao nos referirmos que vivemos em um país laico temos que ter em mente o que isso realmente significa. A Igreja, ou qualquer outra religião, seja ela, cristã ou não, não deve interferir nas questões políticas do Estado assim como o Estado também não interfere nos assuntos que diz respeito à religião. Uma lei não deve ter por base a questão religiosa o peso da influência religiosa não deve ser o que sustenta a criação de uma nova lei.
Se o país é laico isso significa que o povo tem liberdade de escolha religiosa e a religião não tem um peso fundamental nas decisões que, por exemplo, o STF (Supremo Tribunal Federal) venha decidir para o bom andamento do país. 
No dia 12 de abril de 2012 foi aprovada, pelos Ministros do STF, em sua maioria, a descriminalização do aborto de fetos anencéfalos (sem cérebro).[1] Causando grande polêmica no meio de várias entidades religiosas que se posicionam contrárias a qualquer tipo de aborto. Por anencefalia devemos entender que consiste na ausência no feto dos dois hemisférios cerebrais. (PESSINI, BARCHIFONTAINE, 2000, pg 243)[2]. 
Mas o que não é entendido aqui é que o STF está dando amparo legal para as mães que desejam interromper a gestação quando se encontrarem nesta situação. Não há a obrigatoriedade e sim a livre escolha da mãe de abortar ou não respeitando, assim, a autonomia da mulher. 
A opinião da mãe é mais importante e esta tem que ser respeitada. A mulher que gesta uma criança anencéfala, tendo este amparo legal, evita ter que buscar uma autorização judicial, que poderia ser aceita ou não e também evita que ela viesse a recorrer, devido à sua condição, a abortos clandestinos. 
A mulher gestante de um feto anencéfalo, realizando ou não o aborto, sofre grandes conseqüências emocionais, dizer que mulheres que abortam sofrem mais do que as que levam a gestação até o fim é muito subjetivo já que não há critérios empíricos para diferenciar um ou outro tipo de sofrimento. 
Usar também de argumentos religiosos para negar a prática de aborto, nestas situações, principalmente argumentos levantados pela igreja cristã, seja ela católica ou protestante, ou quaisquer outras ramificações religiosas, não é determinante para que o STF tome suas decisões pelos seguintes motivos:

1.   O Brasil é um país laico, suas leis não têm como base critérios religiosos;

2.   Apesar de ser considerado um país cristão, nem todos professam o cristianismo como religião de sua preferência;

3.   Os argumentos levantados por religiosos cristãos, no Brasil, são, muitas vezes, tendenciosos, e, na maioria das vezes, somente aqueles que são praticantes vão levar em consideração tais argumentos.

A opinião pública deve ser levada em consideração, mas, essa não deve ter como base o viés religioso. Para que isso aconteça o tema discutido tem que ter ampla divulgação e, no caso de anencéfalos mostrar:

1.   O número de casos no Brasil (4º País com maior número de incidências no mundo, segundo a OMS) que é de 1:1000;

2.   As conseqüências psicológicas que uma gravidez desta natureza causa na família, em especial, na mãe;

3.   Os riscos que esta gestação, levada até o fim, causam à mãe;

4.   O que se verifica, atualmente é que, apesar de toso o arsenal técnico e científico da medicina, o anencéfalo está fadado ao óbito. (RIBEIRO, 2012).

O STF, órgão máximo do judiciário, em todo momento, com a determinação e legalização do aborto de anencéfalos, quer salvaguardar a integridade moral, psicológica e também a autonomia da gestante a quem cabe decidir ou não pela interrupção da gravidez.

Silas Malafaia faz um comentário divulgado no site Gospelmais[3] sobre a aprovação, pelo STF, do aborto de fetos anencéfalos nos seguintes termos
Ele diz que o seu comentário terá o viés: teológico, científico e jurídico, vou tentar aqui refutar esses três viéses de Silas Malafaia.
No que tange à Teologia, o problema está no discurso generalizando como se todo o povo brasileiro fosse cristão. O discurso teológico dele é feito para quem frequenta a sua igreja, mas aos que não vão à igreja ou não são cristãos, isso se torna vago, como um Ateu, Agnóstico, Budista, Mulçumano ou qualquer outro membro de uma religião não cristã dará crédito a esse argumento teológico? Temos que ter em mente que vivemos em um país laico e também um país pluralista no aspecto religioso, não se pode impor religiosamente o que se deve fazer ou não, ainda mais quando, como foi dito no começo, o país laico não sofre interferências religiosas em suas decisões políticas. Se o Brasil fosse, realmente, cristão, no sentido próprio da palavra, ou seja, que sua população fosse frequentadora de alguma igreja cristã esses argumentos poderiam ser levados em consideração. O que não pode ser feito é impor a minha fé como regra de fé para os demais. A fé é algo subjetivo, a minha fé é minha e eu não posso impor o que eu acredito aos outros.
Quanto aos textos bíblicos que ele citou, digo o mesmo, isso só vale para aqueles que estão dentro da mesma fé que ele, ou seja, aqueles que estão dentro da sua igreja, aos que estão de fora ou para os que não acreditam esses argumentos não soam como argumentos válidos. O que não pode ser feito é pegar versículos isolados da Bíblia e usá-los de maneira a defender um argumento, o texto bíblico tem que ser usado de uma forma completa com uma interpretação realmente válida.
Sobre o Salmo 139 Silas Malafaia diz o seguinte: O Salmo 139 mostra, de maneira espetacular, que antes da concepção Deus já tinha anotado tudo em seu livro, antes da existência de qualquer parte do nosso corpo (versículo 16b). Concordo plenamente com isso, porque é exatamente isso que o salmista diz, mas se eu for levar este salmo ao pé da letra, e eu não estou duvidando do que está escrito, eu não posso, de forma alguma condenar, como a igreja faz, a homoafetividade como pecado, a prostituição como pecado ou qualquer outro tipo de ação ou atitude que esteja fora da regra da fé prevista pela igreja cristã, porque o próprio Deus já escreveu tudo sobre essas pessoas, e condená-las é ir contra ao que Deus já estabeleceu. Se Deus realmente escreveu a vida de cada pessoa, antes mesmo desta ser concebida, como o salmista diz, eu não posso ir contra a nenhum tipo de atitude, certa ou errada, porque já foi pré-determinado pelo próprio Deus.
Na questão científica não tenho muito a dizer a não ser concordar com o que ele fala, porque está correto. A única coisa que digo é sobre o sofrimento da mulher, que sofrimento será maior? Como eu posso medir o que uma pessoa sente? O que é pior? Carregar um filho nove meses dentro do útero e após ele nascer ao invés de levá-lo para casa a mãe o leva para o cemitério? A decisão não cabe à igreja e sim à mãe e aos que a cercam. Com a aprovação desta lei o Estado deve dar o respaldo psicológico e apoio médico à mãe que escolheu pelo aborto dada a situação que se encontra o feto, no caso, sem o cérebro. Seja qual for a decisão da mãe ela tem, agora, o apoio do Estado. Não cabe à Igreja decidir pela mãe a decisão é dela e da sua família. A aprovação da descriminalização de aborto de anencéfalos não obriga a mãe a realizar o aborto, como foi dito, a decisão é dela, esta aprovação só da o respaldo necessário caso o aborto seja a vontade da mãe, caso contrário ela irá agir conforme a sua consciência. Sem dúvida, se persistir a mentalidade que cria os motivos para o aborto, a sociedade continuará abortando, com ou sem legalização. Pois nem a legalização força o aborto, nem a proibição consegue evitá-lo.[4]
Silas Malafaia diz no texto: O sofrimento de uma mulher que dá a luz a uma criança anencéfala pode ser, no máximo, nove meses. Mas o sofrimento de uma mulher que faz qualquer tipo de aborto pode ser por toda a vida. Primeiro não estamos falando de qualquer tipo de aborto e em segundo lugar me diz uma coisa: sofrimento de no máximo nove meses? Ai o filho nasce, ela leva-o para o cemitério e isso não vai acarretar um sofrimento maior ainda? Por favor, esse argumento está totalmente fora da realidade. O sofrimento será semelhante, se não for maior, já que ao abortar, conscientemente, ela não verá o filho, ela está ciente do que está fazendo. Ela, a mãe, não está abortando por motivo fútil. O que me deixa indignado é que todos pensam no feto, mas e a mãe? Quem se preocupa com a mãe? Não vi no comentário de Silas Malafaia uma palavra se quer em favor da mãe, porque quando ele fala nas consequêcias psicológicas pós aborto é para sensibilizar as pessoas, mas não está, a meu ver, nem um pouco preocupado com o sentimento de perda da mãe.
Na questão jurídica o aborto no Brasil é crime, fato! Salvo quando a mulher for vítima de estupro e também quando a gestante sofre risco de morte. Isso já está respaldado pela legislação brasileira. O Código Penal Brasileiro diz:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico. Aborto necessário I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante.
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Então quando o Silas Malafaia diz com todas as letras que o aborto no Brasil é crime ele se esquece do artigo 128.
No texto que é escrito pelo pastor ele pede para lermos matérias em sites gospel, mas por que será que ele não busca outro tipo de opinião? Pessoas que não são ligadas a nem um tipo de religião? Eu não preciso ser religioso, no caso aqui cristão, para aprovar ou desaprovar tal ou tal ideia eu preciso ter bons argumentos para defender aquilo que eu acredito. A conduta etica e moral de uma pessoa independem de religião ou credo, mesmo a religião sendo um vetor de credo e moral levando, assim, as pessoas a uma conduta ética. Ele pede também para ler um artigo na revista Veja, mas sou mais favorável ao que li outro dia: Não Veja, pense!
Com isso deixo minha manifestação. Sou a favor da autonomia da mãe, cabe a ela decidir, desde que esteja dentro daquilo que a lei preconiza. Se a lei dá essa oportunidade hoje não quer dizer que amanhã o Brasil irá aprovar o aborto em qualquer circunstância, porque a questão não foi essa, a questão foi os casos de fetos anencéfalos, não se discutiu nem um outro tipo de aborto, como por exemplo, em toda e qualquer situação, basta a mulher querer e ela terá esse direito defendido, em relação a isso eu sou contra, sem dúvidas, porque defender o aborto em qualquer situação ou tempo de gestação, para mim, seria a banalização da vida. O que temos que fazer é refletir sobre o assunto, sobre a dignidade da mãe que tem os seus direitos, agora defendidos pelo Estado. A quem pertence à decisão senão somente à mãe?


[1] http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=180615&id_secao=1
[2]PESSINI, L. e BARCHIFONTAINE C. P. - Problemas Atuais de Bioética Ed. Loyola 2000
[3] noticias.gospelmais.com.br
[4] Problemas atuais de Bioética, pg.241 Leo Pessini; Christian de Paul de Barchifontaine

25 de jul. de 2011

O INÍCIO DA VIDA HUMANA E O STATUS DO EMBRIÃO


Gottfried Brakemeier

Apesar das igrejas cristãs não terem uma opinião unânime sobre o "status do embrião" (e, à exceção da Católica Romana, não terem uma fonte dogmática final), conjuntamente afirmam que a vida é um dom de Deus. Ninguém existe por decisão dos pais, mas porque Ele é que dá origem à própria vida. O ser humano, na verdade, nada cria, mas compreende os mecanismos e os copia, não sendo a origem primordial de nada. "Apenas maneja, manipula".

Biblicamente a dignidade humana não nasce na sua condição como tal, mas é fruto de um dom divino. A dignidade não está vinculada ao grau de evolução biológica, ou à capacidade de intervir na natureza (para o bem e para o mal), mas simplesmente em virtude da eleição de Deus. E esta eleição visa o serviço no mundo, sob Suas orientações. E pelo relato bíblico, tal dignidade é anterior a qualquer atitude humana. Por extensão, o embrião humano também é revestido desta mesma dignidade.
Contudo, há divergências sobre o início da vida em si, que devem ser levadas em consideração.

Assumir que a vida humana se inicia completamente na fecundação exclui diversos determinantes óbvios: a necessidade do embrião ser recebido e implantado no útero e a da existência de um meio ambiente propício ao seu desenvolvimento e crescimento, o que incluiu laços interpessoais (uma "biosfera"). Definir a vida humana sem levar em consideração os relacionamentos sociais é ignorar a sua complexidade, reduzindo-a a meras expressões do genoma. Estariam mais próximos à verdade aqueles que defendem não ser possível definir o início da vida humana, sendo este, por definição, "indefinido"? E se assim o for, quais as repercussões práticas?

A nidação, o momento no qual o ovo se fixa à parede uterina, é a primeira experiência de socialização e de acolhimento. A mãe acolhe aquele ser, e estabelece vínculos que progressivamente se tornarão mais complexos, com repercussões em toda a vida futura da pessoa. Também é a etapa final de um rigoroso processo seletivo, já que entre 40 e 70% dos zigotos não são acolhidos pelo útero. Este número impressiona quando se pensa em dar ao ovo o mesmo status moral de um ser humano já nascido. Se o óvulo fecundado, antes da nidação, é equivalente moral de um já nascido, tal estatística refletiria verdadeira catástrofe humana!

Mas não sendo moralmente equivalente ao ser humano plenamente desenvolvido, o zigoto permanece como semente que tem como alvo sua nidação e completo desenvolvimento. Este "ser humano que será" não é uma "coisa", um objeto, devendo ser tratado com respeito e reverência. E isto deve ser levado em conta na fertilização in vitro, no uso da pílula do dia seguinte, na clonagem, na busca por células tronco, dentre outras.

Ainda que a natureza não endosse a tese de que o direito à vida é absoluto (se assim o fosse, não existiriam embriões não implantados") este direito não pode ser negado, exceto quando confrontado com o direito à vida de outra pessoa (a mãe, no caso dos embriões).

A igreja luterana entende decisão ética como aquela que é tomada após avaliação cuidadosa dos argumentos favoráveis e desfavoráveis, dos prejuízos e dos benefícios, assim como para as consequências. "O critério passa a ser o conveniente, o adequado, o fruto de uma ação, a fim de que seja preferida a ação menos danosa

argumentação desenvolvida em "Bioética: avanços e dilemas numa ótica interdisciplinar - do inicio ao crepúsculo da vida: esperanças e temores, disponível em

http://www.google.com/url?sa=X&q=http://books.google.com/books/about/Bio%25C3%25A9tica.html%3Fid%3DJfia0AD8dLkC&ct=ga&cad=CAcQAhgAIAEoBDAAOABAm5iU8QRIAVgAYgVwdC1CUg&cd=j6LBf3-Cu7w&usg=AFQjCNFV7a53eo2S95IbIP4bh9I6OE6hkA

resumo e comentários adicionais de inteira responsabilidade deste blog - não revisado pelo autor do capítulo

28 de mai. de 2011

UM BREVE HISTÓRICO DOS EVANGELHOS



OS EVANGELHOS

MATEUS – JESUS APRESENTADO COMO REI. FOI ESCRITO PARA OS JUDEUS

Primeiro evangelho que aparece no N.T., possivelmente escrito na própria Palestina para cristãos convertidos do judaísmo. Rico em citações do A.T. pois se dirigia a judeus conhecedores das escrituras antigas.
Foi escrito por volta do ano 60 da nossa era. O autor demonstra claramente que Jesus é o Rei de Israel e o Redentor do homem.

Genealogia do filho de Davi. Jesus Rei

Termina: Mt 28:18-20 – MESSIAS DA TERRA

MARCOS – JESUS APRESENTADO COMO SERVO. FOI ESCRITO PARA OS ROMANOS

Jesus nos é apresentado como o grande servo de Israel ou servo sofredor, que veio ao mundo sacrificar-se pelos homens. Como Mateus, Marcos também relata a ressurreição de Cristo.

Sem genealogia. Jesus Servo

Termina: Mc 16:20 – Servo em atividade

LUCAS – JESUS APRESENTADO COMO FILHO DO HOMEM. FOI ESCRITO PARA OS GREGOS

É neste evangelho que nos é relatado a anunciação do anjo Gabriel à Maria, o nascimento de Jesus em uma gruta de Belém, a visita de Maria à Isabel (mãe de João Batista) e o episódio de Jesus aos 12 anos discutindo com os doutores da lei no Templo de Jerusalém.

Linhagem de Jesus até Adão.

Termina: Lc 24:51 – Homem na ressurreição e ascensão

JOÃO – JESUS APRESENTADO COMO FILHO DE DEUS. ESCRITO PARA TODOS OS HOMENS

Escrito por João, o mais novo dos apóstolos, supostamente também autor de Apocalipse. Livro de cunho espiritual pois enfatiza o caráter divino de Jesus. A partir do capítulo 14 há um estudo sublime de alta Teologia, onde Jesus Cristo explica sua origem Divina, sua relação com Deus Pai e a vinda do consolador, o Espírito Santo.

Sem genealogias. Cristo é Deus

Termina: Jo 21:25 – Filho de Deus

Por: João Marçal

6 de mar. de 2011

BIOÉTICA e DIREITOS HUMANOS

A vida humana como valor ético

Qualquer ação humana que tenha algum reflexo sobre as pessoas e seu ambiente deve implicar o reconhecimento de valores e uma avaliação de como estes poderão ser afetados. O primeiro desses valores é a própria pessoa, com as peculiaridades que são inerentes à sua natureza, inclusive suas necessidades materiais, psíquicas e espirituais. Ignorar essa valoração ao praticar atos que produzam algum efeito sobre a pessoa humana, seja diretamente sobre ela ou através de modificações do meio em que a pessoa existe, é reduzir a pessoa à condição de coisa, retirando dela sua dignidade. Isto vale tanto para as ações de governo, para as atividades que afetem a natureza, para empreendimentos econômicos, para ações individuais ou coletivas, como também para a criação e aplicação de tecnologia ou para qualquer atividade no campo da ciência.
Entre os valores inerentes à condição humana está a vida. Embora a sua origem permaneça um mistério, tendo-se conseguido, no máximo, associar elementos que a produzem ou saber que em certas condições ela se produz, o que se tem como certo é que sem ela a pessoa humana não existe como tal, razão pela qual é de primordial importância para a humanidade o respeito à origem, à conservação e à extinção da vida.
O que hoje pode ser afirmado com argumentos sofisticados, após milênios de reflexões e discussões filosóficas, foi pensado ou intuído pela humanidade há milhões de anos e continua presente no modo de ser de todos os grupos humanos, tanto naqueles que se consideram mais avançados como nos que vivem em condições julgadas mais rudimentares, como os grupos indígenas que ainda vivem isolados nas selvas. Como foi assinalado por Aristóteles e por muitos outros pensadores, e as modernas ciências que se ocupam do ser humano e de seu comportamento o confirmam, o ser humano é associativo por natureza. Por necessidade material, psíquica (aqui incluídas as necessidades intelectuais e afetivas), espiritual, todo ser humano depende de outros para viver, para desenvolver sua vida e para sobreviver.
A percepção desse fato é que faz da vida um valor, tanto nas sociedades que se consideram mais evoluídas e complexas quanto naquelas julgadas mais simples e rudimentares.
Desse modo, reconhecida a vida como um valor, foi que se chegou ao costume de respeitá-la, incorporando-a ao ethos de todos os povos, embora com algumas variações decorrentes de peculiaridades culturais. Assim, independentemente de crenças religiosas ou de convicções filosóficas ou políticas, a vida é um valor ético. Na convivência necessária com outros seres humanos cada pessoa é condicionada por esse valor e pelo dever de respeitá-lo, tenha ou não consciência do mesmo. A par disso, é oportuno lembrar que tanto a Declaração Universal dos Direitos Humanos, editada pela ONU em 1948, quanto os Pactos de Direitos Humanos que ela aprovou em 1966 proclamam a existência de uma dignidade essencial e intrínseca, inerente à condição humana. Portanto, a vida humana é mais do que a simples sobrevivência física, é a vida com dignidade, sendo esse o alcance da exigência ética de respeito à vida, que, como observa Cranston, por corresponder, entre outras coisas, ao desejo humano de sobrevivência, está presente na ética de todas as sociedades humanas.
A ética de um povo ou de um grupo social é um conjunto de costumes consagrados, informados por valores. A partir desses costumes é que se estabelece um sistema de normas de comportamento cuja obediência é geralmente reconhecida como necessária ou conveniente para todos os integrantes do corpo social. Se alguém, por conveniência ou convicção pessoal, procura contrariar ou efetivamente contraria uma dessas normas tem comportamento antiético, presumivelmente prejudicial a outras pessoas ou a todo o grupo, quando não a todos os seres humanos. Assim, fica sujeito às sanções éticas previstas para a desobediência, podendo, pura e simplesmente, ser impedido de prosseguir na prática antiética ou, conforme as circunstâncias, ser punido pelos danos que tenha causado ou ser obrigado a repará-los. Todos estes fatorem têm aplicação à proteção da vida no plano da ética, sem prejuízo da proteção resultante de seu reconhecimento como valor jurídico.

Extraído: clique aqui