23 de mar. de 2009

Região da leitura no cérebro é identificada


Pela primeira vez, cientistas conseguiram identificar a região do cérebro responsável pela leitura. Um estudo que pode mudar o tratamento de lesões cerebrais e distúrbios de aprendizagem.

O que um romance é capaz de fazer com o leitor? “Você é um personagem, você está na ação, você vê aquele mundo”, afirma um homem. Aonde uma história escrita pode nos levar? “Ela transporta a gente sem a gente sair do lugar”, diz uma mulher. O prazer de ler, todo mundo compreende. O que ninguém nunca soube explicar é de que forma isso acontece na cabeça da gente. Com a participação de pesquisadores brasileiros, a Ciência conseguiu, pela primeira vez, fazer o mapa da leitura no cérebro humano. Para cada sentido, para cada função, o cérebro reservou uma área. A região da audição, por exemplo, é acima da orelha. A da visão, atrás da cabeça. Mas, para a leitura, o cérebro ainda não teve tempo de desenvolver uma região específica. “A escrita tem cinco mil anos. Considerando o desenvolvimento da espécie humana, é muito recente”, declarou a neurocientista do Hospital Sarah Lúcia Braga. Neurocientistas do Hospital Sarah, de Brasília, e do centro Neurospin, de Paris, descobriram que o cérebro junta as regiões da linguagem e da visão para proporcionar a leitura. “Esta é a região que muda no momento da leitura”. O neurocientista francês Stanislas Dehaene não hesita: é o lado esquerdo do cérebro que é ativado quando lemos, precisamente atrás da orelha.A descoberta foi feita submetendo a estímulos visuais dois grupos de pessoas examinadas pela máquina de ressonância magnética: alfabetizados e analfabetos.“As pessoas alfabetizadas, ao lerem, ativam esse circuito. E as pessoas analfabetas, ao serem expostas a letras, não ativam esse circuito”, resumiu Lúcia Braga.Saber exatamente como o cérebro aciona a leitura abre novas possibilidades para a medicina. “Por exemplo, no diagnóstico da dislexia, no tratamento de pessoas que tiveram traumatismo craniano. Descobrir, desvendar os mistérios do cérebro é uma coisa fantástica e é um passo para o desenvolvimento”, explica Lúcia.

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