1 de ago. de 2009

Enfim, temos uma igreja "brasileira"

Recebi um e-mail celebrando uma "conquista" do mundinho gospel. Segundo a notícia, um cantor de renome vai se apresentar na festa do peão de Barretos (e como adora o picadeiro gospel, "a maior festa do peão do Brasil"). Imediatamente li os comentários sobre a notícia e, para minha angustiante certeza, a grande maioria dizia: "que bênção, temos um artista gospel na mídia secular", ou "gospel também é cultura (sic)", ou pior ainda "vamos exaltar o senhor Jesus na maior festa de peão do Brasil". E por aí vai... só não sei pra onde...

Após a leitura dessa nova "conquista" dos "levitas", compreendi uma coisa: enfim, temos uma igreja "brasileira". Aprendemos a assimilar o pior do Brasil. Aprendemos a "tomar posse" daquilo que deprecia o país. Aprendemos a piorar o que já era ruim.

Temos uma igreja dos espertos. Nos bastidores dessa igreja "brasileira" a pilantragem eclesiástica rola solta. O mandamento da atualidade é: "levarás vantagem em tudo". Se você for um empresário, cuidado, vão encomendar profetadas, declarar um crescimento tão avassalador para sua empresa que você vai acabar tendo sérios problemas com a Receita Federal. E a lógica dessas declarações todas é: financie nosso programa na TV.

Temos uma igreja sem Cristo. Na cultura brasileira, Cristo sempre foi visto com reservas. Um Cristo sem respeito, você encontra sua imagem pelas borracharias do páis espremida entre fotos de mulheres nuas. Um Cristo frágil, sempre apresentado amarelo, pálido, morto. Um Cristo sem poder, por isso é que sempre vem acompanhado de anjos, sozinho, é chato. Um Cristo culpado, tanto que o ditado popular chama de tolo aquele que "é pego pra Cristo". A igreja "brasileira" vive um cristianismo sem Cristo. Talvez seja por isso que ela ame tanto o Antigo Testamento. Levita sim, viúva pobre jamais!

Temos uma igreja da guerra. Talvez venha daqui essa mania bélica do mundinho gospel. É tanto poder que precisamos fabricar inimigos. O discurso é sempre o mesmo: "seu inimigo vai ser derrotado", e esse revanchismo teológico acaba por ser a essência de cada culto. O pior é que, o inimigo é todo aquele que ousar discordar! Se você duvidar, pronto, recebe na hora a "marca da
besta": inimigo!

Temos uma igreja apaixonada pelo poder. Ano de eleição vira um pesadelo. E quanto mais a igreja cresce (ou será inchaço?), mais os abutres do poder chegam até ela. Somos cada vez mais uma igreja de Herodes, ao invés de uma igreja de Cristo. Nossos templos faraônicos, nossos rostos nas colunas sociais, nossos desfiles de carros e dólares apenas constatam o quanto amamos o poder de ter, e não o poder de ser. É bom ser rico, óbvio! Mas não é o mandamento maior da nossa fé.

Temos, enfim, uma igreja "brasileira". Entre aspas, porque o brasileiro é muito melhor do que isso. Entre aspas porque esse brasil das sombras (com letra minúscula mesmo), ainda que apelidado de "luz", já se perdeu em sua própria dor. Para ser sincero, esse é um caminho sem volta.

Como escreveu Warren Wiersbe: "O homem falhará desgraçadamente em tudo aquilo que fizer sem Deus, ou pior ainda, terá sucesso".

Até mais...

Alan Brizotti

Texto na íntegra como se encontra no blog:
http://www.alanbrizotti.blogspot.com

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