2 de mai. de 2010

Carta enviada aos Vereadores de Londrina


Esta foi uma carta desabafo que eu encaminhei para os Vereadores de Londrina.
Por João Marçal

Certa feita vi um adesivo, no para-choques de um carro, escrito assim: EU TENHO VERGONHA DOS POLÍTICOS BRASILEIROS. Eu, na época candidato a vereador de Londrina (2008), fiquei um tanto quanto indignado mas ao mesmo tempo dando razão ao que dizia no adesivo. Me envergonha, também, qdo olho o jornal da minha cidade e dou de cara com uma notícia assim: De novo: Câmara de Londrina é palco de corrupção
Dos 19 vereadores, seis estão sendo investigados por prática de atos atentatórios ao dinheiro público e à moralidade que o cargo exige.
Como pode, já saímos de uma gestão cheia de corrupções e desgosto para o povo londrinense que merece o minímo de respeito da parte de seus representantes eleitos pelo voto do povo e tudo que se vê é DESRESPEITO. Não por parte de todos, graças a Deus, mas uma laranja podre acabada dando gosto estragado a todas as outras se esta podre não for tirada fora.
Como confiar em promessas de pessoas que legislam em favor próprio? Como, enquanto candidato que fui, não ouvir das pessoas "vc vai ser mais um que vai se corromper lá dentro!" Tenho ou não tenho que ouvir e dar razão a essas pessoas?
Mas se de um lado existem os políticos dos quais eu me envergonho, por outro tem o eleitor, que muitas vezes dão seus votos a preço de banana, mas esta é uma outra questão. Quando as escolas começarem a levar a educação a sério ai sim quero ver se qualquer um desses que nos envergonham e nos escandalizam e muitas vezes ofendem a nossa inteligência serão eleitos.
Graças a Deus ainda existem os políticos honestos em quem podemos confiar, mas ultimamente tem se tornado uma pequena parcela.
Senhores vereadores, aqueles que não se deixam corromper, cumpram o papel de vcs, denunciando àqueles que nos envergonha ao Ministério Público, dando nome aos bois para que isso não se repita. Nos orgulhamos tanto quando a Camara Municipal de Londrina foi renovada em uns 50% de novos nomes, mas por outro lado, me envergonho pq só mudaram os nomes já que a prática é a mesma.

DILEMA ÉTICO - Pelo direito de morrer


Ortotanásia, técnica que consiste na opção por não usar artifícios que prolonguem a vida quando não há chance de cura, é regulamentada no País
José Eduardo Siqueira - Cardiologista
Em vigor desde 13 de abril, o Novo Código de Ética Médica autoriza a prática da ortotanásia no Brasil. O documento prevê que ''nos casos de doença incurável e terminal, deve o médico oferecer todos os cuidados paliativos disponíveis sem empreender ações diagnósticas ou terapêuticas inúteis ou obstinadas.'' Na prática, significa que o médico não deve usar artifícios para prolongar a vida, e às vezes o sofrimento do paciente, se não houver chances de cura. Esta recomendação é feita pela Organização Mundial da Saúde (OMS) há cerca de 20 anos.

Em 2006, o Conselho Federal de Medicina (CFM) editou uma resolução esclarecendo que a ortotanásia não é uma infração ética. Mas somente agora o Código autorizou a prática que busca amenizar o sofrimento físico, psicológico e espiritual de quem encontra-se na fase terminal da vida.

''Os portadores de doenças terminais não podem continuar sendo tratados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) sem contato com a família e perdendo completamente a identidade. A ortotanásia é um avanço no tratamento humano'', afirma o médico José Eduardo Siqueira, que é doutor em medicina e bioética, professor universitário e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética.

Nesta entrevista, ele explica as diferenças entre a ortotanásia e a eutanásia, fala sobre as mudanças na relação médico/paciente e critica o fato de as faculdades de medicina não discutirem a terminalidade da vida.

Quais as principais diferenças entre a ortotanásia e a eutanásia?

A eutanásia é considerada uma morte provocada pelo profissional da saúde, que introduz uma droga para colocar fim na vida da pessoa. Alguns países, como a Holanda e a Bélgica, aceitam essa prática. O Código de Ética, no artigo 41, veda a eutanásia no Brasil. Por isso, nós criamos um parágrafo único sobre a ortotanásia, que é aplicada em situações de terminalidade, doenças incuráveis e de grande sofrimento. O médico deve tomar todos os cuidados paliativos, mas não precisa adotar medidas extraordinárias e até mesmo desnecessárias. Por exemplo, um indivíduo com câncer em fase terminal não precisa ser submetido a hemodiálise. Isso não vai mudar o curso da doença.

Como avaliar se um paciente está em condições de fazer esse tipo de pedido?

Essa não é uma decisão que pode ser tomada imediatamente. Inclusive, pode ser mudada no decorrer do tratamento. Nas unidades de cuidados paliativos, que são poucas no Brasil, quando o indivíduo está com dor insuportável, ele faz esse pedido. Entretanto, a medicina tem macanismos para aliviar o sofrimento. E essa decisão só pode ser tomada se a pessoa estiver perfeitamente consciente, sem sofrimento e em condição emocional de tomar essa decisão.

Os familiares podem fazer esse tipo de solicitação caso o doente não seja capaz de fazê-la, como em casos de inconsciência?

Se o indivíduo estiver inconsciente e em situações de terminalidade, o médico pode e deve consultar a família. Existe uma prática que ainda não acontece aqui, mas talvez a gente consiga introduzi-la ainda esse ano que é uma declaração de vontade antecipada. O indivíduo mesmo antes de ficar doente pode fazer uma declaração dizendo que em determinadas situações ele não quer ser submetido a determinados tratamamentos. Isso deve ser registrado em cartório. Caso não exista esse documento, um familiar muito próximo pode expressar a vontade do doente.

Há muitos pedidos de ortotanásia atualmente?

A medicina do século XXI vai ter que reformular uma série de conceitos. A curva demográfica está mudando dramaticamente. As pessoas estão vivendo mais e vamos ter um número maior de pessoas idosas, que vão ter uma série de doenças. Vai aumentar muito a população que se enquadra nos casos de doenças incuráveis e terminais. Temos que preparar os médicos e a sociedade para isso. A prática significa respeitar o ser humano em sua biografia e é bom no ponto de vista econômico. Em qualquer cidade do Brasil você vai ver um número significativo de doentes terminais que estão na UTI. Além disso, é uma forma de resgatar a dignidade da pessoa.

O que muda na relação médico/paciente com a aprovação da ortotanásia?

Muda muita coisa. Durante o curso de medicina não existe momento em que se discute a questão da terminalidade da vida. O que se fala durante o curso é a morte biológica e não a biográfica. E os médicos precisam ser treinados para isso. É preciso saber dar a notícia, conversar com a família. O melhor é que isso seja feito por uma equipe. Há necessidade de se abrir espaço na academia para essa discussão. Também é preciso preparar as pessoas para isso. A morte foi considerada uma coisa feia e hoje as pessoas já não morrem mais em casa. As pessoas têm que entender que a morte faz parte da vida e que a vida humana é finita.

Médico não deve adotar medidas desnecessárias

Hoje as pessoas já não morrem mais em casa
Paula Costa Bonini
Reportagem Local

Matéria extraída do Jornal FOLHA DE LONDRINA em 30/04/2010