8 de jan. de 2010

BIOÉTICA, CIDADANIA E RESPEITO À VIDA


POR: João Marçal

O pensamento ético desde Sócrates, Platão e Aristóteles, passando pela cristianismo, a idade média, moderna e contemporânea, mostra uma única coisa em comum entre todos os grandes pensadores da ética: todos achavam estar certos de seu pensamento ético e moral.
Basta pegarmos pensadores extremistas, como Nietzsche, filósofo, que criticava o cristianismo, afirmava que os grandes intelectuais são cépticos . Ou então um intelectual da Idade Média, como Santo Agostinho ou Santo Tomas de Aquino, com seus pensamentos religiosos radicais. Temos aqui pensamentos antagônicos, onde ambos terão razão para si mesmos.
A Bioética vai surgir para buscar benefícios e a integridade do ser humano, tendo como base a dignidade humana. Ela visa um estudo transdisciplinar, não somente entre biologia, medicina e filosofia, mas que todos os campos do saber se envolvam com seus assuntos e dêem contribuição necessária para o bom desenvolvimento desta busca.
Para a Bioética, a diferença está em que, ao contrário de outros campos do saber, ela não nos traz respostas prontas. A Bioética nos leva à reflexão de uma ética prática. O importante não é você ser contra ou a favor de determinada prática e sim levar as pessoas a uma reflexão sobre o assunto em questão.
A Bioética vai trazer ao seio da Igreja, por exemplo, o ponto comum que há entre todas as religiões, que é a existência humana e a sua relação com a vida e com a natureza. Daí a importância do envolvimento da Teologia com a Bioética, pois ela nos traz à discussão um pensamento ético-teológico-cristão. Mas é importante uma coisa, mais do que convencer, este pensamento ético-teológico-cristão tem que fazer com que as pessoas reflitam, temos que ter em mente que não é a religião que está em jogo aqui e sim a vida humana enquanto valor ético.
Independente da tradição religiosa é importante observarmos como a religião e seus praticantes agem frente aos problemas da natureza, por exemplo, respeitando e zelando por sua preservação. As religiões monoteístas têm Deus como criador, outras religiões acreditam num poder cósmico, numa força maior, mas todos sabem que esta natureza tem que ser preservada.
As pessoas vêem nos avanços técnicos-científicos um escape para os problemas sociais, e procuram nesses avanços as respostas de que elas necessitam. Isto, segundo o Dr. José Eduardo de Siqueira, em entrevista para um jornal diz que isso é uma herança do Iluminismo e do Racionalismo que diz: a resposta está na ciência. Mas, segundo o próprio Siqueira, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Bioética, o ser humano é um ser: bio-psico-social-espiritual, ou seja, um ser biográfico, ele não é somente um ser biológico, ele tem todo um contexto histórico, cultural, social e religioso. Não se pode olhar a fatia biológica e acreditar que assim iremos descobrir o ser humano. Deve-se pensar no ser humano como um todo, não apenas como uma pessoa que adoece e morre. Depositar toda a confiança na tecnologia é ruim, pois isso não vai desvendar o ser humano, que é um ser biográfico.
Observamos então, que, independente de credo religioso, a vida humana é digna de respeito, autonomia, desde que nasce até a hora de sua morte, e é esta dignidade que a Bioética busca. A maior preocupação da Bioética é a pessoa humana como fonte de valor (PESSINI e BARCHIFONTAINE, 2000).
A Bioética vai oferecer à Teologia ferramentas necessárias para a quebra de paradigmas onde a Igreja poderá formar uma opinião ética-teológica sobre assuntos de responsabilidade pela vida. A dignidade da pessoa humana deve ser preservada em todas as fases da vida e, quando o indivíduo adoece, nova valorização deve ser elaborada a fim de que se rompam esses paradigmas e se estabeleçam novos conceitos.
O ser humano é digno de respeito, porque, não nascendo pronto, tem o direito de percorrer seu itinerário singular, buscando na liberdade um sentido para sua vida (JUNGES, 2006). Segundo Junges, a liberdade é a base da dignidade. Esse tem sido o principal objetivo da Bioética, a preservação da dignidade do ser humano tanto no nascer quanto em seu momento mais difícil, a fase terminal de sua vida, mas não esquecendo do meio.
Pode-se observar a importância da Bioética nos dias de hoje com seus polêmicos temas. Enquanto de um lado pensa-se em assuntos como eutanásia ou aborto de outro pensa-se no como legalizar tais práticas, se é viável ou não ou quem tem autonomia para legalizá-las. Entra nesta discussão a Teologia, principalmente a Teologia Moral, que é um campo da Teologia que estuda o comportamento humano em relação a princípios morais e éticos religiosos, que nos dará a base para se discutir mais profundamente os assuntos propostos.
Não cabe a um ou outro o poder de se legalizar práticas semelhantes a essas, cabe a todos uma visão mais humanista sobre esses assuntos, pois são vidas que estão em jogo, tanto ao nascer quanto ao morrer, todos têm o direito à dignidade em seus momentos mais críticos. Há algumas questões que necessitam ser repensadas, enquanto outras necessitam ser discutidas para se validar a prática ou não.
Como discutido, a Bioética chegou para trazer esse humanismo para as pessoas em suas vidas, mas também temos a Teologia onde, com o seu poder e sua influência na espiritualidade, não pode ser deixada de lado quando o assunto for o ser humano, homens e mulheres, criados, segundo as escrituras sagradas, imagem e semelhança de Deus.

2 comentários:

  1. A Bioética rompe conceitos e quebra paradigmas.
    É isso ai.

    ResponderExcluir
  2. ^.^ Brigado por visitar meu blog, volte sempre!


    Seu blog é muito lindo! parabéns! ^.^

    ResponderExcluir